Manoel Marques
Cura natural Em paz com seu nariz Poluição acentuada, condições ideais para a proliferação de fungos e bactérias, queda de imunidade. Esses são alguns dos fatores que aparecem no inverno e facilitam a incidência da rinite. Saiba como controlar e amenizar as crises e livre-se de vez do problema Os termômetros começam a registrar a queda da temperatura, afinal, o inverno se aproxima. Como não poderia deixar de ser, nosso corpo, apesar de muito bem estruturado, sente o impacto. Para atenuá-lo, uma das primeiras necessidades do organismo é a de se aquecer. O metabolismo se acelera e o consumo de energia é maior. Se essa tarefa sobrecarregar muito as funções do corpo, a imunidade fica comprometida. Mas nós também fazemos a nossa parte para dar aquela esquentadinha, resgatando do fundo do armário os casacos de lã, as malhas mais quentes, os cobertores e edredons há muito esquecidos. O problema é que essas peças podem conter poeira, mofo e ácaros, ainda que estejam aparentemente limpas. E não pára por aí: "No inverno, a poluição aumenta e as pessoas ficam mais aglomeradas para tentar fugir das baixas temperaturas. Outra questão é a escassa renovação do ar, por conta das janelas que ficam mais tempo fechadas. Assim, as doenças e seus agentes causadores se proliferam com mais facilidade nessa época do ano", explica Luciano Neves, mestre em otorrinolaringologia pela Unifesp. A combinação desses fatores é um verdadeiro veneno para a saúde e o mais prejudicado com isso é, sem dúvida, o aparelho respiratório. O nariz, por exemplo, tem várias funções, como filtrar o ar e deixá-lo na temperatura ideal para o organismo. No entanto, o frio resseca sua mucosa, dificultando a ação dos cílios de impedir a entrada de poeira e outros corpos estranhos. Quando respirar pelo nariz fica difícil, por causa da congestão nasal, recorremos à boca, que não é preparada para isso. Resultado: recebemos o ar fora das condições que o organismo necessita. Um prato cheio para a instalação de enerfermidades e alergias, como a rinite. Especialistas apontam que quatro entre dez pessoas que fazem queixas ligadas ao sistema respiratório sofrem desse mal, que se caracteriza pela inflamação da parede interna do nariz. Seus principais sintomas são obstrução nasal, coriza, espirros, lacrimejamento e coceira na região dos olhos, nariz e no céu da boca. "Algumas vezes, o paciente também pode apresentar cefaléia, febre e até mau hálito", afirma o médico. Se para a medicina tradicional o tratamento visa basicamente ao alívio das manifestações, as terapias complementares desejam ir mais além. A proposta delas é buscar as questões físicas, energéticas e emocionais que levam ao desenvolvimento da doença para, assim, fortalecer o sistema imunológico. "As terapias holísticas buscam o equilíbrio geral do organismo para que ele se torne menos suscetível aos agentes desencadeantes da rinite, tais como poeira, mofo e mudanças climáticas. Assim, ocorre o desaparecimento dos sintomas, não só no momento da crise como em situações futuras", pondera a médica homeopata Isabela Braga. Conheça algumas opções de tratamentos alternativos para o problema e faça as pazes de vez com seu nariz. reflexologia Toques firmes e relaxantes, regulação do fluxo energético e restabelecimento da saúde: essa é a proposta da reflexologia. Utilizando-se de pontos reflexos existentes nos pés, essa técnica alivia os desconfortos causados pela rinite e ajuda o corpo a se fortalecer, combatendo mais ativamente a doença. "Com a dissolução de possíveis nódulos de tensão nos pés, anulase o bloqueio de energia. Dessa forma, o organismo regulariza suas funções e volta à normalidade, ou seja, ao estado saudável", pondera a massoterapeuta Renatta Campos. No caso da rinite, a massagem se dá em pontos ligados ao rosto e ao sistema linfático. A especialista explica como fazer a automassagem: "Massageie os pés com movimentos circulares, alternando também deslizamentos e pressão. O ideal é começar pela região que corresponde ao sistema linfático, auxiliando assim o corpo a eliminar líquidos e toxinas retidos. Os deslocamentos devem seguir o sentido da flecha (veja a ilustração). Em seguida, pressione a área reflexa dos gânglios linfáticos. Para descongestionar as vias aéreas, estimule os pontos dos seios nasais existentes nas pontas dos dedos. Finalize com os do pescoço, cabeça, rosto e olhos, a fim de amenizar as dores ocasionadas pela inflamação", explica. "As terapias holísticas buscam o equilíbrio geral do organismo para que ele se torne menos suscetível aos agentes desencadeantes da rinite, tais como poeira, mofo e mudanças climáticas."
Acupuntura De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, o nariz é uma área de captação e concentração de energia vital. Nele, o pulmão se abre e os odores são detectados. "Para os orientais, o nariz exerce influência no pulmão, nos rins, no baço, no estômago, na vesícula biliar e no vaso governador e, por isso, problemas nessa região podem gerar alterações patológicas nas mais diversas áreas do corpo. A rinite alérgica, no entanto, está quase sempre relacionada à deficiência da energia defensiva do pulmão", explica o médico e acupunturista Jacy Barbosa Neto. Isso porque quem tem rinite costuma ter problemas na concentração de energia yang (quente) na região dos rins. E é exatamente esta energia que fortalece a defesa pulmonar. "A acupuntura é interessante no tratamento, pois ajuda equilibrar a circulação energética. Além disso, estimulam-se pontos específicos para a desobstrução do nariz. Para aumentar as defesas pulmonares, é comum recorrer à moxabustão no ponto chamado 'bexiga 23', pois ele aumenta a energia do rim", esclarece Neto. O professor e médico Paulo Luiz Farber salienta a ação da acupuntura na resposta imune do organismo: "Um estudo recente, realizado por um hospital de Hong Kong, demonstrou que crianças com a doença que receberam acupuntura tiveram menor necessidade de remédios e menos crises alérgicas", diz. Aromaterapia Para a naturopata Karolina Formajo, de São Paulo, a aromaterapia é a técnica que utiliza a energia vegetal de forma bem concentrada. Mais do que princípios ativos e propriedades curativas, os óleos essenciais carregam consigo a alma da planta. "Por ser um método natural e acessível, cada vez mais as pessoas o buscam como alternativa de tratamento, especialmente para curar problemas comuns, como a rinite", afirma. Karolina ensina um procedimento caseiro que confere bons resultados contra a patologia: a inalação úmida. Numa vasilha, adicionam-se aproximadamente 500 ml de água fervente a quatro gotas de óleo essencial de menta ou eucalipto. O paciente deve cobrir a cabeça com uma toalha e, de olhos fechados, inalar o vapor que sai da vasilha por cinco minutos. "O eucalipto tem funções broncodilatadora, antiviral e bactericida. Já a menta age como antiséptico, analgésico e estimulante para eliminação do muco", finaliza. Homeopatia Com tratamentos individualizados, ou seja, específicos para cada paciente, a homeopatia é uma boa opção para quem quer tratar a rinite e prevenir as crises futuras. Nessa terapêutica, a doença não é vista de forma isolada, mas sim, como parte de um desequilíbrio maior. Por isso, a principal preocupação é aumentar as forças reativas do organismo, prevenindo a reincidência da enfermidade. Outro fator benéfico é a fórmula diferenciada, que diminui muito os efeitos colaterais. "Na preparação dos medicamentos homeopáticos são utilizadas substâncias de origem vegetal, animal e mineral, que em seu estado bruto podem ser totalmente inertes ou até mesmo se tornar poderosos venenos. No entanto, os remédios são elaborados em um processo que envolve diluições e agitações sucessivas, da substância bruta, em um veículo inerte (água, álcool ou lactose). Isso desenvolve seu potencial curativo e diminui seus efeitos tóxicos", explica Isabela Braga. Vale ressaltar que os medicamentos homeopáticos são administrados sob a forma de gotas, tabletes, glóbulos ou pó e são bem aceitos pelo público infantil, tanto pelo sabor agradável quanto pelo aspecto. Um alívio para as mamães. Receitinhas úteis Não há dúvida, o nariz entupido e as dores causadas pela rinite são muito incômodos. Mas fique calmo! O alívio pode estar numa xícara de chá. Combinando os ingredientes corretos, essa bebida pode ajudar a reduzir a congestão nasal e relaxar os músculos das paredes nasais, amenizando as dores. "O chá de gengibre com limão é rico em vitaminas B6 e C, colaborando para o aumento da produção de células de defesa", explica Paula Corrêa, nutricionista da Clínica Equilíbrio Nutricional, de São Paulo. Outra opção é o chá de abacaxi com mel e própolis: "Ele possui propriedade antiinflamatória, descongestionante e ajuda a estimular a atividade dos anticorpos", explica a nutricionista Roseli Rossi, da mesma clínica. Chá de gengibre com limão Ingredientes 1 colher (sobremesa) de lascas de gengibre sem casca ½ litro de água 1 colher (café) de raspas de limão 1 colher (café) de suco de limão 1 colher (café) de mel Modo de preparo Ferva as lascas de gengibre na água por cerca de dez minutos. Acrescente as raspas de limão e ferva por mais três minutos. Desligue o fogo e adicione o suco de limão. Adoce com mel e sirva a seguir. Chá de abacaxi com própolis Ingredientes 1 xícara (chá) de casca de abacaxi 1 colher (sopa) de mel com própolis 1 litro de água Modo de preparo Higienize adequadamente as cascas de abacaxi, corte- as em pedaços e ferva em água por cerca de dez minutos. Retire do fogo, coe e acrescente o mel com própolis. Sirva a seguir.
por Patrícia Affonso |